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Estratégias de intervenções: treinando as habilidades sociais na escola

O aprendizado de comportamentos sociais e de normas de convivência se inicia na infância, primeiro com a família e depois em outros ambientes como creche, pré-escola e escola. Para que esta aprendizagem ocorra de modo adequado depende das condições que as crianças encontram nestes ambientes.
POR:
Crislaine Borborema
 10 de Março de 2019

Como criar ambientes favoráveis para o aprendizado das habilidades sociais?
Para a formação de um ambiente adequado ao aprendizado, primeiro deve se pensar em estratégias que estejam de acordo com a maturidade e a faixa etária de cada turma, segundo promover o debate, a reflexão, a escuta, o questionamento, a linguagem e o diálogo de modo a ser atrativo dinâmico e interativo. Por último fazer uma investigação sobre o meio em que os alunos estão inseridos e se cada atividade proposta condiz com a realidade dos mesmos, seguir estas etapas colabora na formação de um ambiente favorável e leva os envolvidos a um maior engajamento e participação,
Neste post trago intervenções voltadas para turmas do ensino fundamental - com idades entre nove e 14 anos, as estratégias elaboradas foram divididas dentro das sete classes de habilidade sociais, sendo estas: Autocontrole, expressividade emocional, civilidade, empatia, assertividade, solução de problemas e habilidade de fazer amizades. Segue abaixo as atividades propostas:
1.    Autocontrole e expressividade emocional
Justificativa: Contribuem para que o aluno possa aprender a lidar com seus próprios sentimentos e emoções através de ações psicoeducativas.
Objetivo: Levar reflexão a cerca da importância de autocontrolar-se frente às situações; reconhecer as emoções com intuito de saber lidar melhor com elas.
Dinâmicas:
·        Jogo do rabisco: joga-se em dupla. Cada uma recebe uma folha. Uma criança inicia um desenho e passa a folha para a outra continuar e assim por diante até terminar o desenho. Ao término do tempo estipulado fazer perguntas aos alunos sobre o quanto eles tiveram que se controlar para deixar o outro concluir o desenho, e o modo como eles se sentiram tendo que da espaço para o colega colaborar com a atividade também.
·        A caixinha de sentimentos: Dentro da caixa haverá sentimentos escritos em papéis coloridos, onde o aluno irá retirar alguns papeis escritos sobre os sentimentos que ela vai representar com suas expressões faciais, gestos e posição do corpo. Finalizaremos esta dinâmica refletindo sobre a importância de se conhecer os próprios sentimentos, de aprender a lidar com eles.

2.   Tema: Civilidade
Justificativa: É o conjunto de habilidades que auxilia o indivíduo a se relacionar de maneira ‘educada’ com os outros. Aprender a cumprimentar, despedir, se desculpar, pedir licença e, por favor, são atitudes que devem ser ensinadas o quanto antes às crianças.
Objetivo: Trabalhar boas maneiras no convívio escolar e social nos alunos; levar aos alunos a reflexão a cerca de atitudes educadas e seus benefícios.
Dinâmicas:
·        O psicólogo poderá trabalhar o tema através de redação, ou incentivar os alunos por meio de premiação.
·        Aqui também poderão ser trabalhadas as questões relacionadas às correrias e gritos que os alunos fazem nas dependências do colégio como escadas e corredores.

3.   Tema: Empatia
Justificativa: Capacidade de se colocar no lugar do outro.
Objetivo: Promover a satisfação nos relacionamentos dos alunos, social e familiar, aumentar a habilidade de superar adversidades, de lidar com diferenças e conflitos.
Dinâmicas:
·        O Feitiço Virou contra o Feiticeiro: Forma-se um círculo, todos sentados, cada um escreve uma tarefa que gostaria que seu companheiro da direita realizasse, sem deixá-lo ver. Após todos terem escrito, o feitiço vira contra o feiticeiro, que irá realizar a tarefa é a própria pessoa que escreveu. “não faça ou deseje aos outros o que não gostariam para si”. Respeito ao próximo.
·        Pirulito: Para reflexão da importância do próximo em nossa vida.
Material: Pirulito para cada participante. Todos em círculo, de pé. É dado um pirulito para cada participante, e os seguintes comandos: todos devem segurar o pirulito com a mão direita, com o braço estendido. Não pode ser dobrado, apenas levado para a direita ou esquerda, mas sem dobrá-lo. A mão esquerda fica livre. Vamos ao passo-a-passo: Primeiro solicita-se que desembrulhem o pirulito, já na posição correta (braço estendido, segurando o pirulito e de pé, em círculo). Para isso, pode-se utilizar a mão esquerda. O professor recolhe os papéis e em seguida, dá a seguinte orientação: sem sair do lugar em que estão todos devem chupar o pirulito. Aguardar até que alguém tenha a iniciativa de imaginar como executar esta tarefa, que só há uma: oferecer o pirulito para a pessoa ao lado! Assim, automaticamente, os demais irão oferecer e todos poderão chupar o pirulito. Encerra-se a dinâmica, cada um pode sentar e continuar chupando, se quiser o pirulito que lhe foi oferecido. Abre-se a discussão que tem como fundamento maior dar abertura sobre a reflexão de quanto precisamos do outro para chegar a algum objetivo.

4.   Tema: Assertividade
Justificativa: Descreve o conjunto de habilidades que preparam o indivíduo para perceber o momento ‘certo’ para expressar os sentimentos.  Saber quando opinar e lidar com críticas são uma habilidade que se ensina às crianças no seu dia-a-dia familiar e escolar, e que poderá contribuir para que elas aprendam a tomar decisões, respeitando os direitos inerentes à vida social.
Objetivo: Desenvolver nos alunos o comportamento assertivo.
Dinâmicas:
·        A dinâmica dá-se da seguinte forma: divide a turma em duplas, onde um integrante da dupla fecha as mãos. O outro deve, sem nenhum toque físico, persuadir o colega a abrir as mãos.
Pode ser dito o que quiser, qualquer argumentação é válida. Cabe à pessoa que está com as mãos fechadas decidir quando e se deve abri-las. Trata-se de um diálogo não monólogo, assim sendo o psicólogo deve deixar claro que ambos, na dupla, devem interagir.
O tempo sugerido para este momento é de 2 minutos, porém ficará a critério do facilitador. Se alguma dupla cumprir o objetivo de abrir as mãos antes deste prazo aguardar as demais duplas.
·        O desenvolvimento da assertividade ou comportamento assertivo se dará através de uma simulação de situações que exijam comportamento assertivo. Por exemplo, o psicólogo dirá ao aluno que vai ser o "valentão" da sala de aula, e então toma o seu livro. Certificada de que a criança manteve contato visual, o facilitador irá treinar uma reação assertiva usando "eu", como "Eu me sinto frustrado quando você pega meu livro porque eu estava lendo", isto é deve mostrar a criança que ela não deve ser passiva nem agressiva e sim assertiva. (pode ser qualquer situação que o facilitador desejar).

5.   Tema: Solução de problemas
Justificativa: Descrevem um conjunto de habilidades que estão implícitas nos momentos de tomada de decisão de qualquer indivíduo, permitindo que haja melhores respostas com menores custos. Não é tarefa fácil, principalmente para as crianças.
Objetivo: Levar o aluno ao reconhecimento de que se existe um problema, também deve existir uma solução.
Dinâmica:
·        Caixa de correio: Uma caixa de sapatos com uma abertura, que será a caixa de correio. Os alunos são trabalhados para que escrevam suas queixas e seus problemas e depositem, anonimamente, na caixa de correio. Periodicamente o facilitador abre a caixa de correio e lê as queixas e os problemas apresentados, colocando em debate eventuais propostas para solucioná- los. É importante que a atividade se desvie de queixas de natureza material para as de natureza emocional, propiciando um clima de mais agudo auto e mútuo conhecimento e para uma aberta discussão sobre problemas que envolvem as relações interpessoais entre os educandos e, eventualmente, seus educadores e funcionários da escola.
·        Autógrafos: Cada aluno recebe uma folha de papel em que deverá, ao sinal de comando do facilitador, conseguir o maior número de autógrafos de seus colegas, no tempo de 1 (um) minuto. Não vale autógrafo repetido. Após esse minuto, o facilitador solicita que os alunos identifiquem os fatores que dificultam a realização do objetivo do jogo (conseguir os autógrafos dos colegas). Depois desse debate, inicia o segundo tempo, dando mais 1 (um) minuto para que os alunos coletem os autógrafos, mas antes de iniciar o segundo tempo, solicita que todos parem para pensar juntos. No final, questiona sobre os fatores que facilitam o jogo. A comparação dos fatores, os que dificultam e os que facilitam, mostrará que o grupo iniciou a tarefa em conflito e depois, utilizando a cooperação, conseguiu realizar a tarefa.
6.   Tema: Habilidade de fazer amizades
Justificativa: É uma importante habilidade social, pois age como facilitador nas interações. Cabe a família e a escola proporcionar contexto favorável para que a criança aprenda a interagir com seus pares e aprenda com essas experiências a iniciar conversas com seus colegas.
Objetivo: Desenvolver nos alunos a capacidade de melhor se relacionar em busca de fazer e manter boas amizades.
Dinâmica:
·        Sugerimos que o psicólogo inicie a aula perguntando aos alunos se sabem dizer o que é AMIZADE, o que entendem por isto etc.. Dentro desta investigação, poderá indagá-los se eles têm amigos. Após escutar os alunos o psicólogo deverá dizer que a intervenção abordará este assunto pela importância que tem em nossa vida. O psicólogo poderá colocar: vocês saberiam me dizer qual a importância da amizade para a vida de uma pessoa?
Após ouvir os alunos, em seguida, sugerimos que  apresente o recurso, o qual consiste de um vídeo, intitulado “amizade é...” de 3 minutos e 4 segundos, disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=zFtRSy9D5-w&feature=related.
·        Após o debate inicial sobre a temática da intervenção, os alunos serão convidados a se organizarem em duplas, na sala de aula. Eles serão esclarecidos pelo facilitador que participarão de uma dinâmica na qual um deles terá de guiar o outro. Isto é, eles escolherão quem estará com os olhos vendados e quem será o guia. Feito isso, o psicólogo colocará uma venda nos olhos de um dos componentes da dupla. Assim, o colega sem venda terá de guiar o que está com venda da sala de aula até o pátio da escola (pode ser outro local, desde que seja espaçoso). Para tanto, ele poderá dar as mãos e dizer aonde este deve ir. As duplas podem seguir por trajetos diferentes.





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